Se você já usou um aplicativo de banco online para concluir uma transação ou finalizou uma compra em uma plataforma de e-commerce, é bem provável que tenha utilizado ou interagido com um aplicativo protegido por OTP.
As senhas de uso único (OTPs) estão no centro da maioria dos sistemas de autenticação multifator (MFA). As OTPs são códigos temporários entregues por SMS, e-mail, aplicativos autenticadores, notificações push, etc. Elas reduzem o risco de roubo de credenciais e tornaram-se um requisito padrão para aplicações online.
No entanto, o que fortalece a segurança para os usuários muitas vezes cria complexidade para as operações. As OTPs são imprevisíveis por design, o que significa que não se encaixam facilmente no monitoramento tradicional. Verificações automatizadas esperam logins repetíveis, e as OTPs impedem isso propositalmente. Se você excluir a MFA do monitoramento, corre o risco de perder pontos críticos de visibilidade.
Este artigo explora como monitorar com eficácia aplicações protegidas por OTP. Vamos abordar os desafios práticos para diferentes tipos de OTP, examinar duas abordagens reais — simular a entrega ou contornar a MFA para agentes de monitoramento confiáveis — e delinear as medidas de segurança que tornam esse monitoramento seguro. O objetivo é mostrar como as organizações podem manter tanto a força da MFA para os usuários quanto a visibilidade confiável para as operações (e como fazer isso com diversas ferramentas, incluindo o Dotcom-Monitor).
Por que as OTPs complicam o monitoramento
O monitoramento sintético se baseia na repetibilidade. As OTPs são feitas para evitar isso. Cada código é único, de curta duração e, muitas vezes, entregue por sistemas de terceiros fora do seu controle. Isso torna o monitoramento desafiador, barulhento e, às vezes, inviável.
Aprovações por push são um exemplo. Um usuário faz login, o servidor aciona o Apple Push Notification Service (APNS) ou Firebase Cloud Messaging (FCM), e o app autenticador exibe a opção “Aprovar”. Para o usuário, é perfeito. Para um script de monitoramento, é um beco sem saída: não há código para capturar e nenhuma forma virtual de “clicar em aprovar”. A menos que os desenvolvedores tenham criado um endpoint de simulação que aprove as solicitações, a MFA por push não pode ser testada sinteticamente.
OTPs por SMS continuam sendo comuns em bancos, portais de saúde e plataformas governamentais. O monitoramento aqui é viável: atribua um número dedicado, integre com APIs como Twilio ou Vonage, colete as mensagens via programação e envie o código. Isso valida não só seu aplicativo, como também a gateway SMS e a operadora. Mas há desvantagens: cada mensagem tem custo, a confiabilidade da operadora varia por região e atrasos na entrega podem gerar falsos alertas.
OTPs por e-mail são o padrão para muitos provedores SaaS que preferem evitar a complexidade do setor de telecom. O monitoramento pode ser configurado com uma caixa de entrada dedicada acessada por APIs como Mailgun ou SendGrid, ou via IMAP/POP. Isso oferece visibilidade sobre a infraestrutura SMTP, filas de envio e filtros de spam. Mas o e-mail traz latência e variabilidade. Um código pode chegar em segundos em um dia e levar minutos no outro. Greylisting, filtros ou limitações podem causar falhas intermitentes.
OTPs baseadas em tempo (TOTP) são utilizadas por apps como Google Authenticator, Authy e Microsoft Authenticator. Baseadas em um segredo compartilhado e na hora atual, os códigos mudam a cada 30–60 segundos. Agentes de monitoramento podem gerar esses códigos se tiverem acesso ao segredo. No entanto, equipes de segurança geralmente se opõem a manter esses segredos fora de dispositivos seguros. Mesmo se usados apenas em contas de teste, o risco exige mitigação cuidadosa com armazenamento seguro, escopo restrito e rotação de segredo.
OTPs baseadas em contador (HOTP), também conhecidas como senhas de uso único baseadas em hash, são frequentemente vinculadas a tokens físicos em setores regulados. São baseadas em um segredo e um contador que incrementa a cada uso. O monitoramento é possível, em teoria, se o estado do contador for rastreado. Mas problemas de sincronização complicam as coisas: se um incremento for perdido, as próximas tentativas falharão até que o contador seja ressincronizado. Essa fragilidade torna o HOTP inviável para monitoramento contínuo.
É por isso que as organizações devem, antes de tudo, esclarecer qual pergunta desejam responder.
Duas estratégias para monitorar OTP
Dois objetivos de monitoramento geralmente são confundidos:
- Garantia de entrega: Os usuários estão recebendo efetivamente os OTPs via SMS, e-mail ou outro canal?
- Disponibilidade e desempenho: A aplicação consegue concluir o login e passar por fluxos críticos?
Ambos são válidos, mas exigem estratégias diferentes. Tentar resolver os dois com um único teste levará a resultados pouco confiáveis.
Estratégia A: Simular a entrega de OTP
Se a pergunta é sobre entrega, a única resposta é simular o comportamento real do usuário. Isso significa configurar agentes de monitoramento para capturar OTPs do SMS ou e-mail.
Para monitoramento via SMS, o fluxo padrão é:
- Atribuir um número dedicado ao ambiente de monitoramento.
- Acionar um login e capturar a OTP com uma API (Twilio, Vonage, Nexmo).
- Analisar a mensagem e enviar o código.
Esse processo valida o aplicativo, a gateway SMS e a rede da operadora. Também fornece visibilidade direta sobre a entrega de OTPs aos usuários. Mas traz desvantagens: custos recorrentes, entregas inconsistentes e ruído por falhas transitórias da operadora.
Para monitoramento de e-mail: configure uma caixa de entrada dedicada a contas de teste e recupere os códigos via API ou IMAP/POP. Isso valida a infraestrutura SMTP, as filas e os filtros de spam. Os agentes confirmam que a aplicação enviou e que o e-mail foi recebido. Ainda assim, há variabilidade. Mensagens podem chegar rapidamente ou demorar minutos. Filtros de spam e greylisting aumentam a imprevisibilidade.
Simular TOTPs é viável com contas de teste se a equipe de segurança aceitar o risco. Armazene o segredo de forma segura, gere o código com uma biblioteca e envie. Estratégias de mitigação incluem escopo restrito, rotação frequente e contas exclusivas para testes. Simular HOTP é menos prático por conta dos desafios de sincronização.
Aprovações por push não podem ser simuladas sem suporte explícito dos desenvolvedores.
Princípio fundamental: Trate a simulação de OTP como uma validação de entrega, não como monitoramento de uptime. Executar verificações a cada 5 minutos causará ruído. Fazê-las por hora ou diariamente fornecerá sinais úteis sobre o estado do provedor sem sobrecarregar as operações.
Estratégia B: Contornar OTP para agentes de monitoramento
Se a pergunta é sobre disponibilidade e desempenho, simular OTPs não é ideal. Em vez disso, crie mecanismos para que agentes de monitoramento confiáveis completem o login sem OTP, mantendo MFA obrigatória para usuários reais.
Headers HTTP predefinidos são a forma mais simples de contorno. O agente inclui um header secreto e o servidor interpreta como MFA concluída. É fácil de implementar, mas deve ser restrito a IPs autorizados e removido de todo o tráfego externo. Sem essas proteções, torna-se uma brecha.
Cookies assinados ou JWTs são mais seguros. Agentes apresentam um token assinado que declara “MFA aprovada”. O servidor valida a assinatura e permite o login. Tokens devem ser curtos, com escopo restrito e assinados com chaves rotativas.
Endpoints efêmeros de troca de OTP vão além. Agentes se autenticam (com chave de API ou certificado), solicitam um token de bypass e o usam uma única vez. Os tokens expiram rapidamente. Essa abordagem é altamente segura, mas exige investimento de engenharia.
APIs de login programático são comuns em apps baseados em API. Um endpoint retorna uma sessão já marcada como MFA verificada. Deve ter autenticação forte, não estar documentado publicamente e ser usado somente por contas de monitoramento.
Links mágicos são outra opção. Agentes solicitam um link de uso único que autentica automaticamente. Se forem imprevisíveis e expirarem rápido, são seguros. Mas devem ser tratados como credenciais — qualquer vazamento é comprometedor.
Contas de teste liberadas são o contorno mais fácil. Contas específicas estão isentas de OTP ao acessar de IPs autorizados. Fácil de configurar, mas com riscos. Essas contas devem ser isoladas, com senhas fortes e auditadas regularmente.
Outros métodos incluem sessões pré-autenticadas com Cypress ou Playwright, e injeção de headers/cookies por proxy reverso em ambientes de staging. Nunca usar em produção.
Regras de segurança para contornar OTP com segurança
Contornos só são aceitáveis se forem aplicadas restrições rígidas:
- Escopo restrito: Apenas IPs/rede conhecidos. Forçar essa regra no CDN ou gateway.
- Elementos de curta duração: Tokens, cookies e headers devem expirar rapidamente e ser rotacionados.
- Identidades separadas: Contas de monitoramento devem ser separadas de usuários reais. Nunca reutilizar credenciais.
- Auditoria contínua: Logar todas as tentativas de bypass com dados (conta, IP, horário). Analisar regularmente.
- Filtrar na borda: Remover headers ou cookies de contorno de qualquer tráfego não autorizado.
Sem essas práticas, o contorno enfraquece a MFA. Com elas, torna-se uma ferramenta segura e auditável de monitoramento.
Implementando uma abordagem equilibrada
Os programas de monitoramento mais eficazes usam ambas as estratégias:
Validação de entrega: Simulações ocasionais de SMS/e-mail verificam se os usuários recebem as OTPs. Identificam falhas com gateways, operadoras e servidores de e-mail.
Validação de disponibilidade: Testes frequentes via bypass verificam se a aplicação está online e o login funciona, sem ruídos externos. Essa abordagem garante MFA ativa para usuários e visibilidade total para a equipe de operações.
Ferramentas de monitoramento e teste de OTP
Integrar bypass e simulação internamente exige esforço. O Dotcom-Monitor oferece ferramentas — UserView e LoadView — que atuam de forma complementar.
UserView: ferramenta de monitoramento contínuo de entrega e disponibilidade
UserView é uma plataforma de monitoramento que simula interações reais de usuários. Aqui são implementadas tanto simulação quanto estratégias de bypass.
- Para entrega (Estratégia A): Com o UserView (EveryStep), é possível gravar fluxos com múltiplos passos, incluindo login. Ele espera o e-mail com OTP, coleta o código e o insere automaticamente.
- Para alta disponibilidade (Estratégia B): UserView permite armazenar o segredo TOTP criptografado. Durante o teste, o código é gerado e inserido, eliminando a necessidade de entrega externa.
LoadView: ferramenta de carga e estresse com OTP
A plataforma LoadView é voltada para testes de desempenho e escalabilidade. Pode simular milhares de usuários simultâneos.
- Para testes de capacidade: Antes de grandes eventos, é possível simular picos de login e ver se a infraestrutura aguenta a demanda.
- Para resiliência dos servidores: O LoadView pode testar o endpoint de login via bypass ou simulação realista.
Considerações futuras para monitoramento OTP
Com a evolução da MFA, surgem novos desafios. FIDO2 e WebAuthn estão se popularizando, com criptografia de chave pública. Isso dificulta o monitoramento sintético. O bypass continuará sendo necessário, enquanto a simulação se voltará à inscrição de dispositivos.
As estratégias devem ser flexíveis: os métodos mudarão, mas a necessidade de visibilidade operacional permanecerá.
Conclusão
OTPs são permanentes na autenticação moderna. Protegem usuários, mas podem esconder problemas operacionais se não forem monitoradas corretamente.
A chave está na separação: use simulações para validar entrega e contornos seguros para garantir disponibilidade.
A MFA não vai desaparecer. Nem o monitoramento. Com equilíbrio, ambos podem coexistir sem comprometer a segurança.
Com o Dotcom-Monitor UserView, equipes de operações podem escolher a combinação ideal: validar canais OTP ou executar verificações frequentes via caminhos seguros. Assim, a segurança do usuário e a visibilidade operacional são mantidas.
